É difícil achar por aí alguém que não goste de queijo. Mas também é difícil encontrar alguém que goste de todos os queijos. É mais fácil ter alguns preferidos do que curtir todos ao mesmo tempo, mesmo porque “ser queijo” não é fator de definição: alguns tem gosto mais suave, enquanto outros são bem amargos… e vai do paladar de cada um a preferência de um queijo sobre outro.
Mas saber do que a gente não gosta não é motivo para deixar de treinar o paladar, principalmente aqui no Brasil. Nosso povo gosta mais de queijos suaves, daqueles que podemos comer nos lanches, como Muçarela, queijo Prato e queijo Minas. A explicação pela preferência desses queijos por aqui é muito simples: eles são mais utilizados em receitas regionais e internacionais bem populares, como pizza e lasanha. E eles continuam sendo os mais vendidos por outro fator que, para o brasileiro, é muito importante: o preço.
E aí, como unir paladar ao custo-benefício?
O paladar só consegue ser refinado pelo treino. Dizem que a gente aprende a gostar de comida japonesa comendo, já que é difícil pra alguém de tradição culinária tão diferente se apaixonar por peixe cru na primeira vez. A mesma coisa vale para os queijos finos, principalmente os mais fortes, como Gorgonzola, Gouda e Camembert. Quem começa a gostar de vinhos antes de queijo é que sente a urgência em apreciar os finos, porque cada vinho vai muito bem com um determinado tipo de queijo. Então, se seu vinho preferido combina muito com Gorgonzola e você não é muito chegado a sabores amargos – ou mesmo a queijos “mofados” –, só vai conseguir curtir o sabor completo do queijo em todas as suas nuances se treinar. Comer a primeira, a segunda e a terceira vez. Com o tempo, o paladar estará treinado.
Para o preço, duas coisas devem ser levadas em consideração no intuito de definir o custo-benefício. O primeiro é que os queijos finos vem carregados de cultura, de forma literal. Assim como os vinhos, alguns queijos demoram muito para maturar e ficar do jeito ideal para ser consumido. Outros podem ser feitos com ingredientes mais seletos e produções mais trabalhadas. Tudo isso influencia no preço, somado à “substância cultural” do queijo, que é sobre de onde o queijo veio, com o que combina e o teor da sua exclusividade na cozinha.
Outro fator, tão importante quanto esse, é que queijos finos não são comprados todos os dias, como fazemos com Muçarela, Queijo Minas e Queijo Prato. Não fazemos estoque de Brie, de Emnental, de Provolone – e isso é muito bom: torna os momentos com esses queijos mais prazerosos e inesquecíveis. As receitas, então, ficam muito mais gostosas quando substituímos esporadicamente um queijo “nomal” por um queijo fino. E saber que nosso orçamento mensal não vai ser comprometido por uma peça de queijo fino torna a compra bem menos onerosa, mostrando uma boa margem de custo benefício para o queijo.
Da próxima vez que for comprar um queijo fino, não tenha medo do preço e nem do gosto: tudo isso se torna mais leve com o tempo. Basta treinar o paladar e saber o que comprar, quando comprar e onde. Depois é só chamar alguém especial para degustar contigo – afinal, o melhor de qualquer queijo, principalmente o fino, é ser compartilhado.